quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Tempestade de Verão

Presencio uma fúria de águas em pleno verão. O sentimento de insignificância diante da surpresa dos relâmpagos, do susto do som, ao som do Tom, da ausência da completude, da falta de magnitude que carrego diante dessas horas... Nesses momentos que mal consigo, mal consigo me concentrar diante dos filetes azuis e barulhentos, questiono-me se a vida é realmente vida e se pós e antes concretiza o meu meio.

Expressando o meu ego construído em 23 anos com muita consulta de memória não é um desrespeito a arte. A arte também é lembrar, rememorar, reinventar, se confundir, experimentar. O sujeito vira o texto, a poesia, a música e os maiores gurus sugerem o esquecimento dos dedos que escrevem e da mente que inventa para credenciar uma responsabilidade com um universo que passe do eu!

Eu, este que desprezo tanto, se transtorna contra a mim e me faz um nada diante de tudo.

Proponho o experimento do ambíguo como um raio que rasga o céu límpido ou nebuloso e lapida o esclarecimento do momento. Um momento que consulto a mim, para renovar minha covardia diante de tanto.

Tantos absurdos relatados em um céu de verão. Tantos absurdos taxados de genialidade por também rasgar o convencional. Tantos exemplos esclarecidos como a luz azul.

Fico furioso como o barulho atrasado dos relâmpagos. Mas a calmaria também surpreende a tempestade. E deve ser essa a gratificação da metamorfose. Espanca o ruído a acordar toda a cidade e depois alisa com um silencio ou com o canto dos pássaros ao retornar o trabalho do instinto! O trabalho que garante a sobrevivência. E a arte que ecoa diante do trabalho.

Tantos pensamentos e tantas prosas e tantos infinitos...

Daí, caio na questão atual da pluralidade. Poderá o mundo ser mais plural em que negros, brancos, gays, tribos e gêneros e cada vez mais gêneros inventados e combinados convivendo no mesmo meio? A liberdade estará finalmente ao alcance do homem que consiga ser plural e fiel ao seu ego(sto)? Seremos todos conectados por essa rede invisível em que somos desconfigurados e reprojetados como uma obra de arte confeccionada para além do sujeito?

Finalizo essa tempestade me engrandecendo diante do tempo por ser conterrâneo da tempestade que nasceu diante dos meus olhos e finalizará em um além futuro ao alcance da minha imaginação.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Monólogo da Desilusão

Desilusão perante um instante como a surpresa da morte em uma calçada.
(Tal surgimento que colore o chão de vermelho ao espantar olhos desacostumados e
Rasga o tempo ao fragmentar em antes e depois.)

Desilusão esta que mata a memória de rancor para disfarçar o inevitável (caso exista amor.)

Desilusão que revira a cabeça para lembrar seu espelho invertido em outro plano infinito.

Desilusão aquela que finge ódio e compra felicidade para cavar buracos de esquecimento.

Desilusão estupradora do acaso e mais criminosa que o desencanto.

(Nunca daria certo mesmo)

Conformismo: filho da desilusão e primo da covardia.