segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Minha Língua

Minha língua regurgita poesia
Minha língua límpida lampeja amor
Minha língua destemida intimida força
Minha língua, minha língua, eu sou

Minha língua indiferente de cor
Minha língua surtida expele o que não sou
Minha língua surta outrora a minha dor
Minha língua, minha língua, eu sou

Minha língua matreira nasce em pé de ladeira
Minha língua parabólica transmite boca em boca
Minha língua solta contamina zênites
Minha língua, minha língua, Tiradentes!

Minha língua coberta de ternura
Minha língua sem cobertura
Minha língua eterna em documento
Minha língua, minha língua; acrescento

Minha língua cantarola partituras
Minha língua destrói ditaduras
Minha língua míssil senhora
Minha língua, minha língua e agora?

Sabe Deus

Céu e lua iluminaram passos tortos estampados para trás
Praia nua, duas, três ou algumas horas eternizadas em paz
Flutuando em par, almas nuas em cenário colossal
Uma noite assim não existirá outra igual

Ela apontou para um arco formado de estrelas
E esqueceu que a flecha cairia com destreza
Emancipou um amor sem certeza
Esquivando significante proeza

Ele ao garantir o contrário
Romantizou todo o cenário
Declarava amor inaceitável
Vestido de esperança persistiu o bastardo

Nuvens alternavam a claridade
E a maré escassa vazava com vaidade
O desenrolar de uma estória encantada:
Sabe Deus qual será a próxima jornada


Só sabe Deus qual será a próxima jornada.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Deixe de Deboche

Deixe de deboche, deixe de deboche
Que minha mãe quer almoçar
Deixe de deboche, deixe de deboche
Que eu quero trabalhar
Deixe de deboche, deixe de deboche
Outra esperança a entortar?

É melhor parar de zombaria
Que na casa da Maria tem muito de se falar
O caso é de delegacia
E esses homens de gravata têm é que rodar

Deixe de deboche, deixe de deboche...
Minha paciência vai se esgotar
Deixe de deboche, deixe de deboche
Tem novos sambas a arreganhar
Deixe de deboche, deixe de deboche
Inflo o peito a cantar

É melhor parar de zombaria
Que na casa da Maria tem muito de se falar
O caso é de delegacia
E esses homens de gravata têm é que rodar

domingo, 12 de setembro de 2010

Vômitório

Sinto-me um imbecil preso, a ponto de esquecer que um dia pensei na possibilidade de ser livre. Minha paciência está esgotando em um fim retroprojetado de mandíbulas barulhentas. Existe em um fluxo, um homem no meio de um mar infinito e com a sua mão direita estendida, pedindo um navio resgate. Nevralgias, nevralgias e mais nevralgias corroem meu cérebro dual como machadadas executadas por trombas de mamutes enfurecidos e desesperados!

A persistência da minha consciência límpida trata de queimar as cortinas das pragas pregas preguiçosas.


Cof,cof, cof cacófatos, cacófatos.. cof cof

Doença desagradável esta de procriar certas combinações desarmônicas. Minha mente é um cacófato imprevisível. Impossível trabalhar com dois indivíduos e um juiz subliminar manipulado por tapetes de idéias enormes e fugazes.

Sou um sonhador sem noção, meu chão continua abrindo fazendo-me escalar até o último limite da dor para perceber o óbvio.

Meu espírito precisa de combustível urgentemente ou talvez fique estagnado como o mistério da anti-matéria.